Como observar o voto de Kārtika
- Vana Madhuryam Brasil
- 6 de out.
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Śrīla Bhaktivedānta Vana Gosvāmī Mahārāja
30 de outubro de 2020, Zoom
Nós estamos muito próximos de observar o Kārtika-vrata, o voto de Kārtika. De acordo com o livro sagrado Hari-bhakti-vilāsa, esse voto pode ser iniciado no dia de Ekādaśī, Dvādaśī ou Pūrṇimā. A partida transcendental de Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja ocorreu no dia de Śaradīya Pūrṇimā. Por essa razão, em nossa Gauḍīya Vedānta Samiti, iniciamos o voto do mês de Kārtika nesse mesmo dia. Assim, amanhã celebraremos tanto a partida transcendental dele, quanto o início do Kārtika-vrata.
Primeiramente, eu gostaria de descrever as glórias do mês de Kārtika e os motivos pelos quais o observamos. Nossos ācāryas (mestres espirituais predecessores) explicaram belamente que, aproximadamente um mês antes da conclusão do Puruṣottama-māsa, também chamado de Adhika-māsa, observamos o Kārtika-māsa.
Gurudeva nos ensinou que Kṛṣṇa é a deidade que preside o mês de Puruṣottama, e Śrīmatī Rādhikā é a deidade que preside o mês de Kārtika. Esses meses são especialmente queridos pelo Casal Divino, o qual fica muito satisfeito com quem os observa. Aqueles que realizam o voto de Kārtika terão todos os seus desejos satisfeitos pela misericórdia de Śrīmatī Rādhikā.
Os diferentes nomes para o mês de Kārtika
O mês de Kārtika é conhecido por diferentes nomes. Nossos ācāryas explicam que ele também é chamado de Niyama-sevā-māsa, pois indica a observância de todas as regras e regulações prescritas nas escrituras. Além disso, é conhecido como Dāmodara-māsa. Nos śāstras (textos sagrados) são mencionados dois tipos de Dāmodara: Rādhā-Dāmodara e Yaśodā-Dāmodara. Neste mês, Mãe Yaśodā amarrou Kṛṣṇa com uma corda; por isso, esse período também é chamado de Yaśodā-Dāmodara. Śukadeva Gosvāmī narrou esse passatempo, conhecido como dama-bandhana-līlā, a Parīkṣit Mahārāja.
Certa vez, ainda neste mês, durante a dança da rāsa com Śrīmatī Rādhikā e as gopīs (as vaqueirinhas de Vraja), Kṛṣṇa desapareceu, e todas sofreram com Sua ausência. Quando Ele retornou, Śrīmatī Rādhikā O amarrou com uma guirlanda, razão pela qual este período também é conhecido como Rādhā-Dāmodara.
Os Vaiṣṇavas também chamam este mês de Ūrja-vrata. Ūrja significa śakti, ou potência. Se vocês não observarem o Ūrja-vrata, não alcançarão nenhum poder. Śrīmatī Rādhikā é a śakti, a fonte de toda potência, e Kṛṣṇa é śaktimān, o possuidor da potência. Nossos śāstras explicam: bala-hīnena labhyo — sem śakti, não é possível realizar nenhuma atividade nem alcançar sua meta. Todas as potências provêm de Śrīmatī Rādhikā. Portanto, se desejam alcançar a perfeição, devem observar o mês dedicado a Ela, pois Ela é śakti-adhiṣṭhātṛ-devī, a deidade que preside este mês. Assim, Ela concederá Sua misericórdia.
Rādhā e Kṛṣṇa são um só
Nossos śāstras explicam que não há diferença entre śakti e śaktimān. Kṛṣṇa está sempre acompanhado de Sua potência, que às vezes se manifesta (mūrta) e, outras vezes, permanece oculta (amūrta). Kṛṣṇa é līlā-puruṣottama. Quando Ele deseja realizar passatempos (līlās), Yogamāyā organiza os arranjos, e Sua śakti, Śrīmatī Rādhikā, manifesta-Se a partir dEle. É dessa maneira que Kṛṣṇa realiza doces līlās com Rādhārāṇī.
rādhā-kṛṣṇa aiche sadā eka-i svarūpa
līlā-rasa āsvādite dhare dui-rūpa
Śrī Caitanya-caritāmṛta (Ādi-līlā 4.96–98)
[“Rādhā e Kṛṣṇa são um só. No entanto, Eles assumem duas formas espirituais aparentemente diferentes, somente para saborearem os passatempos divinos.”]
prema-rasa-niryāsa karite āsvādana
rāga-mārga bhakti loke karite pracāraṇa
rasika-śekhara kṛṣṇa parama-karuṇa
ei dui hetu haite icchāra udgama
Śrī Caitanya-caritāmṛta (Ādi-līlā 4.15–16)
[“O desejo do Senhor de Se manifestar nasceu de duas razões: Ele desejava saborear a doce essência das doçuras do amor de Deus, e queria propagar o serviço devocional no mundo na plataforma da atração espontânea. Por isso, Ele é conhecido como supremamente jubiloso e o mais misericordioso de todos.”]
No quarto capítulo do Śrī Caitanya-caritāmṛta, Śrīla Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī explica: prema-rasa-niryāsa karite āsvādana — Kṛṣṇa desejou saborear a essência do prema. Para isso, ele tomou o bhāva (sentimento) e a kānti (compleição dourada) de Śrīmatī Rādhikā, manifestou-Se neste mundo, especificamente em Navadvīpa-dhāma, como Śacīnandana Gaurahari e saboreou todo o prema-rasa-niryāsa, o ápice do amor divino dEla, conhecido como mādanākhya-mahābhāva. Gurudeva explica que os estágios do amor divino são: prema, sneha, māna, praṇaya, rāga, anurāga, bhāva, mahā-bhāva, rūḍha, adhirūḍha, mohana, madana e mādanākhya-mahābhāva. Śrīmatī Rādhikā é a personificação de mādanākhya-mahabhāva, e o Senhor, após saborear todos esses humores espirituais (rasas), distribuiu uma gota desse néctar aos devotos.
vrajera nirmala rāga śuni’ bhakta-gaṇa
rāga-mārge bhaje yena chāḍi’ dharma-karma
Śrī Caitanya-caritāmṛta (Ādi-līlā 4.33)
[“Ao ouvirem sobre o amor puro dos residentes de Vraja, os devotos hão de Me adorar no caminho do amor espontâneo, abandonando todos os rituais religiosos e atividades fruitivas.”]
No Caitanya-caritāmṛta é explicado que os Vrajavāsīs, especialmente as gopīs, possuem rāga, um apego profundo por Kṛṣṇa. Foi esse tipo de prema, conhecido como vraja-rāga-bhakti, que Śrī Caitanya Mahāprabhu distribuiu para o mundo inteiro. Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī também menciona esse verso:
anugrahāya bhaktānāṁ
mānuṣaṁ deham āśritaḥ
bhajate tādṛśīḥ krīḍā
yāḥ śrutvā tat-paro bhavet
Śrī Caitanya-caritāmṛta (Ādi-līlā 4.34)
[“Kṛṣṇa manifesta Sua forma eterna semelhante à humana e executa Seus passatempos para mostrar misericórdia aos devotos. Quem ouve esses passatempos deve dedicar-se a servi-lO.”]
Em Sua misericórdia, Kṛṣṇa manifesta neste mundo material as Suas līlās de Goloka Vṛndāvana junto de Seus parikaras (companheiros eternos). Aqueles que ouvirem e se absorverem nas narrativas dos passatempos de Vraja serão libertados deste mundo material e alcançarão o mais elevado prema — o amor puro e espiritual por Deus.
Śrīmatī Rādhikā, que é sarva-śakti, pode satisfazer todos os desejos de Kṛṣṇa, mas, se Ele tivesse apenas uma consorte, não se sentiria plenamente feliz. Por isso, Ela Se manifesta em muitas formas e auxilia Kṛṣṇa em todos os tipos de līlās, especialmente nos passatempos de mādhurya-rasa, śṛṅgāra-rasa e ujjvala-rasa em Vraja. O ujjvala-rasa se divide em duas categorias: svakīyā e parakīyā. Este parakīyā-rasa — o humor de amantes — só se manifesta em Goloka Vṛndāvana, e em nenhum outro lugar.
Em Vaikuṇṭha, Ayodhyā, Dvārakā e Mathurā manifesta-se o svakīyā-rasa, o humor conjugal de marido e mulher. Já em Vraja, o único humor presente é o parakīyā-bhāva. Vraja-vadhū-gaṇera ei bhāva niravadhi — os corações das donzelas de Vraja (vraja-vadhū) estão sempre repletos desse sentimento. Entre todas elas, Śrīmatī Rādhikā ocupa a posição mais elevada. A līlā que confirma isso é a rāsa-līlā, passatempo que se manifesta apenas em Goloka Vṛndāvana e em nenhum outro lugar. Nossos Gosvāmīs explicam que a rāsa-līlā possui dois aspectos: milana (encontro) e viraha (separação).
Os passatempos do mês de Kārtika
Entre os inúmeros passatempos de Kṛṣṇa manifestados no mês de Kārtika, o mais exaltado é a rāsa-līlā.
jaya jaya ujjvala-rasa sarva-rasa-sāra
parakīyā-bhāve ĵāhā vrajete pracāra
Canção Jaya Rādhe, Jaya Kṛṣṇa (10), de Kṛṣṇadāsa
[“Todas as glórias ao ujjvala-rasa (śṛṅgāra-rasa), que é a essência e o mais excelente de todos os rasas, e que é conhecido como o parakīya-bhāva de Vraja.”]
Conforme mencionado, neste mês ocorreu a dāma-bandhana-līlā, o passatempo em que Mãe Yaśodā amarrou Kṛṣṇa no pilão. Também nesse período, Nalakūvera e Maṇigrīva foram libertados deste mundo material e alcançaram Goloka Vṛndāvana em seus corpos transcendentais de Madhu-kaṇṭha e Snigdha-kaṇṭha. Kṛṣṇa realiza ainda muitas outras līlās, como a govatsa-carana-līlā, go-carana-līlā, vatsa-haraṇa-līlā, kaliya-damana-līlā e, especialmente, a gopāṣṭamī-līlā. Quando Gurudeva visitava Nandagaon e Ter Kadamba, sempre explicava sobre a gopāṣṭamī-līlā. Nesse mesmo mês, Kṛṣṇa também levantou a colina de Girirāja Govardhana.
No mês de Kārtika, os Vrajavāsīs oferecem lamparinas de ghee ao Senhor, e assim suas casas permanecem graciosamente iluminadas. Nesse período também ocorre o Bahulāṣṭamī e, de acordo com a Gauḍīya-paramparā, neste dia os devotos se banham no Rādhā-kuṇḍa — evento conhecido como snāna-dāna. Como Śrīmatī Rādhikā é a adhiṣṭhātṛ-devī, a deidade predominante deste mês, Ela é chamada de Kārtikēśvarī e Rāseśvarī. Também celebramos o advento e a partida transcendental de diversos Vaiṣṇavas de nosso guru-varga, ocasião que nos inspira a recordar seus doces passatempos. Finalmente, concluímos o mês observando o voto sagrado de Bhīṣma-pañcaka.
Os divinos passatempos de chegada e partida dos ācāryas em Kārtika
Neste mês, glorificamos o tirobhāva-tithi (o dia da partida transcendental) de Śrī Gadādhara dāsa Gosvāmī, Śrī Dhanañjaya Paṇḍita, Śrī Śrīnivāsa Ācārya, Śrīla Narottama dāsa Ṭhākura, Śrīla Gaura-kiśora dāsa Bābājī Mahārāja, Tridaṇḍisvāmī Śrī Śrīmad Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja, Srī Śrīmad Bhaktikuśala Narasiṁha Mahārāja, e especialmente de nosso Gurudeva, nitya-līlā-praviṣṭa oṁ viṣṇupāda aṣṭottara-śata Śrī Śrīmad Bhaktivedānta Vāmana Gosvāmī Mahārāja, e nitya-līlā-praviṣṭa oṁ viṣṇupāda aṣṭottara-śata Śrī Śrīmad Bhaktivedānta Trivrikrama Gosvāmī Mahārāja.
Também glorificamos o āvirbhāva-tithi (o dia do advento) de Śrīla Bhakti Dayita Mādhava Gosvāmī Mahārāja, Śrīla Bhakti Rakṣaka Śrīdhara Gosvāmī Mahārāja e Śrī Śrīmad Bhaktiśrīrūpa Siddhānti Mahārāja. Celebramos muitos dias de aparecimento e desaparecimento de nosso guru-varga neste mês. Por isso, devemos ouvir as narrativas devocionais de suas vidas, o bhakti-carita-kathā.
Bhagavān hôite bhaktera kathā bolo — nossos śāstras explicam que devemos ouvir bhakta-kathā, as narrativas sobre o caráter dos devotos do Senhor, ainda mais do que kṛṣṇa-kathā, as narrativas sobre o próprio Senhor. Os devotos de Kṛṣṇa, conhecidos como Vaiṣṇavas, realizam bhajana e sādhana como se fossem sādhakas (devotos praticantes); entretanto, eles são nitya-siddha-parikāra, companheiros eternos e perfeitos do Senhor. Rūpa e Sanātana, por exemplo, participaram de passatempos como sādhakas, dedicando-se ao bhajana e sādhana dia e noite, e chorando por Kṛṣṇa.
he rādhe! vraja-devike! ca lalite! he nanda-sūno! kutaḥ
śrī-govardhana-kalpa-pādapa-tale kālindī-vanye kutaḥ
ghoṣantāv iti sarvato vraja-pure khedair mahā-vihvalau
vande rūpa-sanātanau raghu-yugau śrī-jīva-gopālakau
Śrī Ṣaḍ-gosvāmyaṣṭakam (8)
[“‘Ó Rādhā, Rainha de Vṛndāvana! Ó Lalitā! Ó filho de Nanda Mahārāja! Onde vocês estão? Estão debaixo das árvores kalpa-vṛkṣa da colina de Govardhana? Ou estão nas florestas às margens do Kālindī?’ Chamando assim, profundamente afligidos de saudade, eles perambulavam por toda a extensão do Vraja-maṇḍala. Eu ofereço minhas reverências a Śrī Rūpa, Sanātana, Raghunātha Bhaṭṭa, Raghunātha dāsa, Jīva e Gopāla Bhaṭṭa Gosvāmīs.”]
Como observar o voto de Kārtika
Como devemos observar o Kārtika-vrata, também conhecido como Ūrja-vrata? Devemos acordar bem cedo, durante o brāhma-muhūrta (aproximadamente 1 hora e 36 minutos antes do nascer do sol), tomar banho, aplicar tilaka no corpo e recitar os gāyatrī-mantras. Em seguida, devemos oferecer stava-stutis (orações e glorificações) ao Senhor. Gurudeva enfatiza que, especialmente neste mês, é recomendável recitar o Śrī Nanda-nandanāṣṭakam e o Śrī Śrī Rādhā-kripa-kaṭākṣa-stava-rāja.
munīndra-vṛnda-vandite tri-loka-śoka-hāriṇī
prasanna-vaktra-paṅkaje nikuñja-bhū-vilāsini
vrajendra-bhānu-nandini vrajendra-sūnu-saṅgate
kadā kariṣyasīha māṁ kṛpā-kaṭākṣa-bhājanam?
Śrī Śrī Rādhā-kripa-kaṭākṣa-stava-rāja (1)
[“Ó Śrīmatī Rādhikā, glorificada pelos grandes sábios! Ó Tu, que dissipas o lamento dos três mundos, cujo rosto de lótus floresce com um sorriso gracioso e que Te divertes nos kuñjas. Ó amada filha do rei Vṛṣabhānu! Ó a mais próxima e querida do filho do rei de Vraja, quando me tornarás o destinatário do Teu misericordioso olhar de soslaio?”]
Se vocês recitararem o Śrī Śrī Rādhā-kripa-kaṭākṣa-stava-rāja, Kṛṣṇa e Śrīmatī Rādhikā ficarão felizes. Além disso, recitem:
sucāru-vaktra-maṇḍalaṁ sukarṇa-ratna-kuṇḍalam
sucarcitāṅga-candanaṁ namāmi nanda-nandanam
Śrī Nanda-nandanāṣṭakam (1)
[“Seu rosto redondo é tão encantador, suas belas orelhas estão adornadas com brincos pendentes de joias, e seu corpo está delicadamente ungido com pasta perfumada de sândalo. Eu ofereço praṇāma àquele Śrī Nanda-nandana.”]
Especialmente neste mês, também devemos recitar o Śrī Dāmodarāṣṭakam diariamente:
namāmīśvaraṁ sac-cid-ānanda-rūpaṁ
lasat-kuṇḍalaṁ gokule bhrājamānam
yaśodā-bhiyolūkhalād dhāvamānaṁ
parāmṛṣṭam atyantato drutya gopyā
Śrī Dāmodarāṣṭakam (1)
[“Eu adoro o Supremo Controlador, cuja forma é eterna, plena de conhecimento e bem-aventurança. Em Suas bochechas, brincos em forma de makara balançam, e Ele brilha intensamente em Gokula. Fugindo do pilão com grande medo de Mãe Yaśodā, Ele acabou sendo alcançado por trás.”]
rudantaṁ muhur netra-yugmaṁ mṛjantaṁ
karāmbhoja-yugmena sātaṅka-netram
muhuḥ śvāsa-kampa-tri-rekhāṅka-kaṇṭha
sthita-graiva-dāmodaraṁ bhakti-baddham
Śrī Dāmodarāṣṭakam (2)
[“Chorando incessantemente, Ele esfrega os olhos com Suas duas mãos de lótus. Seus olhos estão cheios de medo. Ele respira profundamente repetidas vezes, fazendo tremer as pérolas e outros ornamentos ao redor de Seu pescoço, marcado por três linhas elegantemente curvas. Ofereço praṇāma a esse Dāmodara, que está preso pela vātsalya-bhakti de Sua mãe.”]
Também devemos realizar Govardhana-pūjā, Annakuṭa-mahotsava e oferecer lamparinas de ghee (dīpa-dāna) ao Senhor. O Hari-bhakti-vilāsa menciona o seguinte verso:
śrī-kṛṣṇa-dāsa varyo ’yam śrī-govardhana-bhūdharaḥ
śukla-pratipadī pratāḥ kārtike ’rcyur atra vaiṣṇavaḥ
Skanda Purāṇa
[“No primeiro dia da quinzena clara do mês de Kārtika, um Vaiṣṇava deve certamente adorar, logo pela manhã, o servo supremo do Senhor Śrī Kṛṣṇa, a colina de Śrī Govardhana, conforme é mencionado no Śrīmad-Bhāgavatam, Canto 10, Capítulo 21, Verso 18.”]
Se vocês realizarem Govardhana-pūjā, arcana (adoração) às vacas, aos brāhmaṇas (sacerdotes) e aos Vaiṣṇavas, e oferecerem lamparinas de ghee ao Senhor neste período, alcançarão seus objetivos supremos. É de grande importância glorificar Girirāja Govardhana, assim como Raghunātha dāsa Gosvāmī fez.
nija-nikaṭa-nivāsaḿ dehi govardhana tvam
Śrī Govardhana-vāsa-prārthanā-daśakam, de Raghunātha dāsa Gosvāmī
[“Ó Govardhana, por favor conceda-me residência ao Teu lado.”]
Também é muito importante recitar o Śrī Govardhanāṣṭakam e o Śrī Rādhikāṣṭakam:
kuṅkumākta-kāñcanābja-garva-hāri-gaura-bhā
pītanāñcitābja-gandha-kīrti-nindi-saurabhā
ballaveśa-sūnu-sarva-vāñchitārtha-sādhikā
mahyam ātma-pāda-padma-dāsya-dāstu rādhikā
Śrī Rādhikāṣṭakam (1), de Śrīla Kṛṣṇa dāsa Kavirāja Gosvāmī
[“A compleição corporal de Śrīmatī Rādhikā ofusca o orgulho de uma flor de lótus dourada tingida com kuṅkuma. Sua fragrância corporal supera a fama do perfume de um lótus misturado com açafrão. Ela satisfaz todos os desejos do príncipe vaqueiro de Vraja. Que Śrīmatī Rādhikā me abençoe para sempre com o serviço aos Seus pés de lótus.”]
Vocês devem recitar este verso porque, neste mês, devemos nos absorver o máximo possível em Śrīmatī Rādhikā. Também neste período ocorre o Bhrātṛi-dvitīya ou Yama-dvitīya, evento em que, segundo Yamarāja, se seus irmãos se banharem no Yamunā, vocês jamais irão para o seu reino, Yamaloka.
O Kārtika-vrata é tão doce! Vocês devem observá-lo com renúncia (vairāgya), dedicando-se ao bhajana e sādhana. Durante este mês, não consumam óleo de mostarda, abstenham-se da associação com mulheres e absorvam-se profundamente em Rādhā e Kṛṣṇa. Pratiquem o celibato (brahmacarya) ao longo desse período, esforcem-se para cantar 64 voltas dos santos nomes e participem do Vraja-maṇḍala-parikramā, pois este mês é mahān — verdadeiramente grandioso.
Nārada Ṛṣi pediu duas bênçãos a Kṛṣṇa. A primeira: que, se alguém for ao Vraja-maṇḍala e apenas tocar a poeira de Vṛndāvana (vraja-dhūli), o vraja-prema automaticamente se manifestará em seu coração. A segunda: que, se alguém for a Vraja-dhāma e ouvir os doces passatempos de Kṛṣṇa neste mês, o prema mais elevado — vraja-gopī-bhāva — florescerá em sua alma. Kṛṣṇa concedeu essas duas bênçãos a Nārada Ṛṣi.
Gurudeva ensinou que, de alguma forma, devemos ir aos locais dos passatempos de Kṛṣṇa, tocar a poeira desses lugares e glorificar Seus passatempos; assim alcançaremos a perfeição. E Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura instruiu que, se não for possível ir fisicamente, devemos visitar Vraja-bhūmi em nossa mente.
tan-nāma-rūpa-caritādi-sukīrtanānu
smṛtyoḥ krameṇa rasanā-manasī niyojya
tiṣṭhan vraje tad-anurāgi janānugāmī
kālaṁ nayed akhilam ity upadeśa-sāram
Śrī Upadeśāmṛta (8)
[“A essência de todos os conselhos é que se deve utilizar todo o tempo — vinte e quatro horas por dia — para cantar e lembrar o nome divino do Senhor, Sua forma transcendental, qualidades e passatempos eternos, ocupando, deste modo, a língua e a mente, gradualmente. Dessa maneira, deve-se residir em Vraja e servir a Kṛṣṇa sob a orientação dos devotos. Deve-se seguir os passos dos amados devotos do Senhor, que estão profundamente apegados a Seu serviço devocional.”]
Śrīla Rūpa Gosvāmīpāda explica muito claramente neste verso: tan-nāma-rūpa-caritādi-sukīrtanānu-smṛtyoḥ — “a essência de todas as minhas instruções é o canto dos santos nomes do Senhor”.
śrī kṛṣṇa gopāla hare mukunda
govinda he nanda-kiśora kṛṣṇa
hā śrī yaśodā-tanaya prasīda
śrī ballavī jīvana rādhikeśa
[“Ó Śrī Kṛṣṇa, Gopāla, Hari, Mukunda! Govinda! Ó Nanda-kiśora! Kṛṣṇa! Ó querido filho de Yaśoda, por favor, fique satisfeito comigo! Ó vida das gopīs! Ó Senhor de Rādhika!”]
Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura também cantou:
rādhe! govinda! jaya rādhe govinda
[“Todas as glórias a Rādhā e Kṛṣṇa, que dão prazer às vacas, aos gopas e às gopīs.”]
jaya jaya śyāmasundara, madana-mohana, vṛndāvana-candra
jaya jaya rādhā-ramaṇa, rāsa-bihārī, śrī gokulānanda
[“Todas as glórias a Kṛṣṇa, de linda tez escura, que encanta o próprio Cupido e que é a lua de Vṛndāvana. Todas as glórias a Ele que se diverte com Rādhā, saboreia a rāsa-līlā e é a alegria da terra de Gokula.”]
jaya jaya rāseśvarī, vinodinī, bhānu-kula-candra
jaya jaya lalitā, viśākhā ādi jata sakhī-vṛnda
[“Todas as glórias a Rādhā, que é a mestra da dança da rāsa, a personificação do prazer de Kṛṣṇa e a lua da dinastia de Vṛṣabhānu Mahārāja. Todas as glórias a todas as sakhīs, lideradas por Lalitā e Viśākhā.”]
jaya jaya śrī rūpa-mañjarī, rati-mañjarī, anaṅga
jaya jaya paurṇamāsī, yoga-māyā, jaya vīrā-vṛnda
[“Todas as glórias a Śrī Rūpa Mañjarī, Rati Mañjarī e Anaṅga Mañjarī. Todas as glórias a Paurṇamāsī Yogamāyā e ao grupo de Vīrā-devī (e Vṛndā-devī), as mensageiras do Casal Divino.”]
sabe mili’ kara kṛpā āmi ati manda
(tomarā) kṛpā kari’ deha yugala-caraṇāravinda
[“Por favor, todos vocês, concedam-me a vossa compaixão, pois estou extremamente empobrecido. Misericordiosamente, concedei-me o serviço aos pés de lótus do Casal Divino.”]
Vocês devem cantar os doces nomes do Senhor dessa forma. Se não estiverem fisicamente presentes em Vṛndāvana, permaneçam lá mentalmente, lembrando-se das doces līlās e kīrtanas do Senhor. Mantenham-se na companhia de Vaiṣṇavas exaltados e avançados, e observem o Kārtika-vrata abstendo-se de conversas mundanas e de críticas aos Vaiṣṇavas.
Sejam como os três macacos: o primeiro cobre a boca, o segundo fecha os olhos e o terceiro tapa os ouvidos. Isso simboliza a abstenção de falar, ver e ouvir assuntos mundanos, sendo uma instrução de Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda. Neste mês, absorvam-se no kṛṣṇa-nāma, no kṛṣṇa-kathā e, especialmente, glorifiquem Śrīmatī Rādhikā.
Rādhārāṇī kī jaya!
Kārtika-vrata kī jaya!
Urjeśvari Śrīmatī Rādhārāṇī kī jaya!
Śrīmatī Rādhikā é conhecida como Ūrjeśvarī, pois é a suprema controladora de todo o poder, a ūrja-śakti. Isso significa que o coração dEla é a fonte de todas as potências. Por esse motivo, Ela controla Kṛṣṇa de maneira absoluta com o Seu prema mais elevado — o madanakya-mahābhāva. Sempre lembrem-se dEla.
pādābjayos tava vinā vara-dāsyam eva
nānyat kadāpi samaye kila devi yāce
sakhyāya te mama namo ’stu namo ’stu nityaṁ
dāsyāya te mama raso ’stu raso ’stu satyam
Śrī Vilāpa-kusumāñjali (16)
[“Ó Devī Rādhikā! Não estou rezando por nada além do serviço direto mais exaltado aos Seus pés de lótus. Repetidas vezes ofereço praṇama de longe ao Seu sakhītva, à posição de Sua sakhī, mas faço voto de que minha devoção inabalável será sempre apenas pelo Seu dāsītva, a posição de Sua serva. (Portanto, permita-me ter um verdadeiro e intenso desejo espiritual pelo Seu serviço! E se eu não for qualificado para isso, ao menos faça com que eu me apegue a essa aspiração, para que um dia eu a alcance.)”]
śrī-rūpa-mañjari-karārcita-pāda-padma
goṣṭhendra-nandana-bhujārpita-mastakāyāḥ
hā modataḥ kanaka-gauri-padāravinda
samvāhanāni śanakais tava kiṁ kariṣye
Śrī Vilāpa-kusumāñjali (72)
[“Ó Devī, tão bela quanto o ouro, Seus pés de lótus são adorados pelas mãos de Śrī Rūpa-mañjarī enquanto repousa Sua cabeça no braço de Kṛṣṇa. Quando poderei receber os remanescentes do serviço de Rūpa-mañjarī e, feliz e suavemente, massagear Seus pés de lótus?”]
Bolo Rādhārāṇī kī jaya!
Jaya Jaya Śrī Rādhe!
Transcrição: Rādhā dāsī (SC)
Diacríticos: Mañjarī-priya devī dāsī (SC)
Edição: Taruṇī-gopī dāsī (SP)
Revisão: Vṛndāvana-candra dāsa (SP)
Colaboração: Premānanda dāsa (Espanha)
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