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As glórias de Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja

  • Foto do escritor: Vana Madhuryam Brasil
    Vana Madhuryam Brasil
  • 6 de out.
  • 11 min de leitura
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Śrīla Bhaktivedānta Vana Gosvāmī Mahārāja

20 de fevereiro de 2022, Brasil


Falarei um pouco sobre a vida de Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja e a sua valiosa contribuição. Nos últimos dias, discorremos sobre a sua biografia, e os Vaiṣṇavas também compartilharam sobre sua trajetória e seus doces passatempos. Vaiṣṇavera guṇa-gāna, karile jīvera trāṇā — ao glorificar as qualidades dos Vaiṣṇavas, a alma fica protegida da māyā, a potência ilusória do Senhor. 


Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja foi uma personalidade grandiosa e um discípulo muito querido e próximo de Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda, o fundador original e ācārya da missão Gauḍīya.


O pedido de Śrīmatī Rādhikā


Śrīmatī Rādhikā ordenou Kamala-mañjarī pessoalmente: “Você deve ir ao mundo material para pregar a missão de Kṛṣṇa.” Kamala-mañjarī se manifestou neste mundo como Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura e orou aos pés de lótus de Rādhārāṇī: “Ó Rādhe! Envie-me outra mañjarī para que ela possa me auxiliar na pregação do nāma-saṅkīrtana (o canto congregacional dos santos nomes).” Naquela época, muitos sahajiyās e sakhī-bhekīs haviam contaminado completamente a concepção de śuddha-bhakti (serviço devocional puro) ensinada por Śrī Caitanya Mahāprabhu. Então, atendendo ao pedido, Śrīmatī Rādhikā enviou Nayana-maṇi Mañjarī, que é Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura Prabhupāda. 


Neste mundo material, o relacionamento entre Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura e Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda é de pai e filho. Contudo, o próprio Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura revelou sua identidade no mundo espiritual, em Goloka Vṛndāvana, como sendo Kamala-mañjarī. Assim como ela é uma sakhī muito amada e próxima de Śrīmatī Rādhikā, Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda, que é Nayana-maṇi Mañjarī, também compartilha dessa relação amorosa com Ela.


Quando Nayana-maṇi Mañjarī adveio à este mundo, também orou a Śrīmatī Rādhikā: “Ó Rādhe! Para satisfazer o Seu desejo, também preciso que envie outra mañjarī junto comigo.” Muito satisfeita, Śrīmatī Rādhikā enviou uma sakhī muito querida e próxima dEla, chamada Vinoda Mañjarī, que é Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja. Ele satisfez plenamente todos os desejos de seu guru, Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura Prabhupāda.


A manifestação do local de nascimento de Mahāprabhu


O Senhor Śiva ordenou diretamente a Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura: “Você deve restabelecer o local de nascimento do Senhor Caitanya Mahāprabhu.” Seguindo a instrução do Senhor Śiva, Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura foi até Navadvīpa-dhāma, em Godruma, e praticou bhajana e sādhana. Ali, ele compreendeu que o verdadeiro local de nascimento do Senhor Caitanya era em Māyāpur. 


Naquela época, os muçulmanos haviam dominado completamente o local de nascimento dEle, transformado o espaço em um cemitério. Por essa razão, ninguém sabia exatamente onde o Senhor havia nascido. Então, Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura cantou os santos nomes e orou a Mahāprabhu, a Nityānanda Prabhu, a Śrī Advaita Ācārya e a Śrīvāsa Ṭhākura.


Certa vez, à meia-noite, um passatempo (līlā) muito doce se manifestou naquele lugar. Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura viu o Senhor Caitanya Mahāprabhu, Nityānanda Prabhu, Advaita Ācārya, Śrīvāsa Ṭhākura, Gadādhara Paṇḍita e diversos Vaiṣṇavas cantando, dançando, e tocando mṛdaṅga e karatālas. Mas após alguns minutos, essa visão desapareceu.


Na manhã seguinte, Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura foi até o local de onde havia surgido a visão e perguntou aos muçulmanos que estavam presentes: “Vocês cultivam tantas coisas, mas por que, exatamente neste lugar, estão cultivando a planta tulasī?” Um jovem respondeu: “Na verdade, nós não plantamos nenhuma semente de tulasī; elas estão surgindo espontaneamente.” Assim, Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura reconheceu: “Oh! Este é o local exato do nascimento de Śrī Caitanya Mahāprabhu!”


Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura trouxe Śrīla Jagannātha Dāsa Bābājī Mahārāja, que tinha 144 anos na época, até aquele lugar. Quando Mahārāja chegou, começou a cantar e dançar, afirmando: “Este é o local de nascimento de Gaurasundara!” Mas, como mencionado anteriormente, aquele espaço havia sido completamente dominado pelos muçulmanos, e eles não o devolveriam facilmente. Então, Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura disse a Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura Prabhupāda: “De qualquer maneira, temos que construir um templo belíssimo aqui.” Assim, Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura confiou essa responsabilidade a Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja, que na época era conhecido como Vinoda-bihārī Brahmacārī.


O caráter de Vinoda-bihārī Brahmacārī


Vinoda-bihārī Brahmacārī era muito poderoso; todos até temiam ouvir seu nome. Por outro lado, as pessoas também sentiam por ele profundo amor e afeição. Ele vestia-se de forma belíssima, com roupas de seda. Em todos os locais que visitava, ia cavalgando em um belo cavalo branco. Se precisasse ir de um lugar a outro ou atravessar um rio de barco, e o custo fosse cinco rúpias, ele pagava quinze. Por essa razão, todos os rickshaw-wāla (condutores de veículos para transporte de passageiros) diziam: “Ei, Vinoda Bābu! Por favor, venha na minha rickshaw!” 


Todos o chamavam de Vinoda Dā ou Vinoda Bābu. Às vezes, seus irmãos espirituais reclamavam a Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda: “Vinoda não está fazendo bhajana e sādhana, só está vivendo como um materialista. Ele não passa tilaka (argila sagrada) no corpo e não está cantando os santos nomes.” Mas Bhaktisiddhānta Prabhupāda lhes dizia: “Se vocês reclamarem dele, irão para o inferno, Nāraka!” Vinoda-bihārī Brahmacārī é um mukta-mahāpuruṣa, uma personalidade completamente liberada, razão pela qual Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda repreendeu seus outros discípulos, ordenando que nunca reclamassem dele. Na verdade, ele cantava os santos nomes enquanto todos dormiam, e durante o dia ia à corte em Māyāpur. Às vezes, uma alma condicionada não consegue reconhecer quem é um mukta-mahāpuruṣa e quem é outra alma condicionada. 


Vinoda-bihārī Brahmacārī satisfez todos os desejos do Senhor Caitanya Mahāprabhu e de nossos ācāryas predecessores. Ele também manifestou o local de nascimento do Senhor Caitanya Mahāprabhu. Certa vez, durante a noite, junto com alguns irmãos espirituais, ele retirou todos os cadáveres do local de nascimento de Mahāprabhu, lançou-os nas águas do Ganges e transformou aquele lugar em um belíssimo parque com árvores enormes. Logo pela manhã, quando os muçulmanos foram até ali, viram que não havia mais nenhum cemitério, mas sim um parque magnífico. Diante disso, os muçulmanos chamaram a polícia. Ao chegar no local, a polícia perguntou: “Onde está a escritura desta terra?” No entanto, eles não tinham como mostrar qualquer documento, pois haviam tomado aquelas terras à força. Vinoda-bihārī Brahmacārī disse: “Este local nos pertence. Estamos cultivando esta terra há muitos anos. Olhem o tamanho desta árvore de manga, de coco, de jaca…” Todas as árvores que existem no Brasil estavam lá! Por fim, a polícia concluiu: “Esta terra pertence a Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda.”


Dessa maneira, Vinoda-bihārī Brahmacārī satisfez os desejos de Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda e estabeleceu um grandioso e belíssimo templo no local de nascimento do Senhor Caitanya Mahāprabhu. Por ter satisfeito os desejos do Senhor Caitanya e de seu mestre espiritual, Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda concedeu-lhe o título de Kṛtiratna (a jóia entre os servos). Ele era completamente rendido aos pés de lótus de Guru e Kṛṣṇa.


O serviço aos Vaiṣṇavas


Na Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa diz: 


ananyāś cintayanto māṁ

ye janāḥ paryupāsate

teṣāṁ nityābhiyuktānāṁ

yoga-kṣemaṁ vahāmy aham


 Bhagavad-gītā (9.22)


[“Mas aqueles que sempre Me adoram com devoção exclusiva, meditando em Minha forma transcendental — para eles eu trago o que lhes falta e preservo o que eles têm.”]


Certa vez, Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja estava refletindo: “Estamos sem dinheiro. Como manterei o templo?” Então, ele estabeleceu: “Hoje, todos façam um jejum completo de Ekādaśī.” De repente, um de seus irmãos espirituais chegou ao templo, o que o levou a pensar: “Meu irmão espiritual chegou aqui e é um Vaiṣṇava. Eu devo servi-lo, mas não temos dinheiro. O que farei?” Refletindo sobre como realizar o vaiṣṇava-sevā, ele fechou os olhos e começou a cantar os santos nomes.


Hare Kṛṣṇa Hare Kṛṣṇa 

Kṛṣṇa Kṛṣṇa Hare Hare 

Hare Rāma Hare Rāma 

Rāma Rāma Hare Hare


Nesse meio tempo, uma cotovia derrubou algumas moedas de ouro em frente à sua cadeira. Quando ele abriu os olhos e viu aquelas moedas, exclamou: “Hoje não será necessário fazer jejum completo!” Ele comprou vários tipos de frutas e vegetais, preparou-os e alimentou seus irmãos espirituais. Se vocês desejarem servir os Vaiṣṇavas, Kṛṣṇa providenciará tudo. Mas, se forem sovinas e não quiserem servir os devotos, Kṛṣṇa não lhes dará nem um centavo.


Às vezes, damos o exemplo da história de Sudāmā Vipra. Ele era um brāhmaṇa (sacerdote) que foi até Dvārakā-purī levando consigo apenas um pouco de arroz achatado e completamente queimado. Ele pensou: “Como posso oferecer este arroz a Kṛṣṇa, que é a Suprema Personalidade de Deus, Svayaṁ Bhagavān?” Não querendo dar aquele alimento, ele o escondeu. Mas Kṛṣṇa, à força, pegou o arroz e o comeu. Por conta disso, Kṛṣṇa manifestou para ele um palácio belíssimo. Se vocês derem qualquer coisa a Kṛṣṇa, não poderão imaginar o quanto Ele os recompensará.


Existem muitas evidências nos śāstras (escrituras sagradas) de como Vinoda-bihārī Brahmacārī serviu os Vaiṣṇavas. Sem vaiṣṇava-sevā, bhakti não se manifestará em nossos corações.


O encontro com Śrīla Gaurakiśora Dāsa Bābājī Mahārāja


Certa vez, Vinoda-bihārī Brahmacārī foi se encontrar com Śrīla Gaurakiśora Dāsa Bābājī Mahārāja, o guru de Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda. Naquele momento, Śrīla Gaurakiśora Dāsa Bābājī Mahārāja estava cantando os santos nomes dentro de um banheiro, com a porta fechada. Muitas pessoas o chamaram: “Bābājī Mahārāja, abra a porta, abra a porta!”, mas ele dizia: “Estou muito doente, não posso abrir.” Vinoda-bihārī Brahmacārī bateu na porta e disse: “Bābājī Mahārāja, meu Gurudeva, Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda, me enviou para ter o darśana (visão auspiciosa) de Seus pés de lótus.” Ao ouvir isso, Śrīla Gaurakiśora Dāsa Bābājī Mahārāja exclamou: “Oh, você está vindo sob a orientação de Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Prabhupāda! Você se abrigou nos pés de lótus dele!”


Bābājī Mahārāja abriu a porta e o abençoou: “Com muita coragem, você pregará pelo mundo inteiro. Portanto, qualquer obstáculo que possa surgir em seu caminho, estou removendo agora.” Foi assim que Vinoda-bihārī Brahmacārī recebeu as bênçãos de Śrīla Gaurakiśora Dāsa Bābājī Mahārāja, que é um uttama-uttama-mahā-bhāgavata — o mais elevado devoto do Senhor.


O esclarecimento do tattva-siddhānta


Certa vez, Vinoda-bihārī Brahmacārī foi se encontrar com Vaṁśī Dāsa Bābājī Mahārāja, um uttama-uttama-mahā-bhāgavata que estava desempenhando o papel de um materialista. Havia vários esqueletos de peixe ao seu redor, razão pela qual as pessoas acreditavam que ele não era um sādhu (santo). Apesar disso, ele cantava os santos nomes:


Hare Kṛṣṇa Hare Kṛṣṇa 

Kṛṣṇa Kṛṣṇa Hare Hare 

Hare Rāma Hare Rāma 

Rāma Rāma Hare Hare


O servo de Vaṁśī Dāsa Bābājī Mahārāja ofereceu a Vinoda-bihārī Brahmacārī um pouco da prasāda de seu mestre, que era um chá de ervas. No entanto, ele recusou e disse: “Eu apenas presto reverências a esta prasāda.” O servo perguntou: “Mas por quê? Esta é a prasāda de Bābājī Mahārāja, aceite-a!” Mas Vinoda-bihārī Brahmacārī respondeu: “Śivājī bebeu veneno. Você seria capaz de aceitar a prasāda venenosa de Śivājī?” 


Nem sempre é possível compreender as atividades externas de um uttama-uttama-mahā-bhāgavata, por isso, é necessário prestar praṇāma (reverências). Śivājī tomou veneno porque era capaz de digeri-lo. Vocês não podem imitar as atividades externas de um uttama-uttama-mahā-bhāgavata. Muitas pessoas pensam: “Śivājī usou gañjā-bhang (cannabis), e esta é a prasāda dele, portanto podemos tomá-la.” No entanto, Śivājī é um mahā-bhāgavata e um Vaiṣṇava; como seria possível que ele usasse gañjā-bhang? Um Vaiṣṇava não consome nenhum tipo de intoxicante. Externamente, pode parecer que ele está realizando essa atividade, mas, na realidade, ele não está. Assim, Vinoda-bihārī Brahmacārī estabeleceu o tattva-siddhānta.


A fundação da Gauḍīya Vedānta Samiti


Após a partida de Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Thākura Prabhupāda deste mundo, Vinoda-bihārī Brahmacārī deixou Māyāpur, foi para Navadvīpa e estabeleceu a Gauḍīya Vedānta Samiti. Naquele tempo, quatro pessoas eram membros fundadores da missão: Vinoda-bihārī Brahmacārī (Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja), meu Gurudeva Śrīla Vāmana Gosvāmī Mahārāja, Śrīla Bhakti Kuśala Narasiṁha Mahārāja (irmão espiritual de Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja e discípulo de Śrīla Bhaktisiddhānta Prabhupāda) e Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja, que na época se chamava Abhaya Charan De. Pouco a pouco, os seus companheiros eternos, como Śrīla Bhaktivedānta Trivikrama Gosvāmī Mahārāja e Śrīla Gurudeva Narāyaṇa Gosvāmī Mahārāja, também juntaram-se à missão.


Certo dia, Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja estava proferindo hari-kathā para seus discípulos, quando um de seus irmãos espirituais chegou e o glorificou: “Oh, Keśava dāsa! Seu templo é muito bonito, e uma doce fragrância está emanando do seu belo jardim.” Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja disse: “Essas flores estão emanando esse aroma muito doce agora, mas talvez daqui a dois ou três dias elas estejam completamente secas. No entanto, essas flores — Śrīla Bhaktivedānta Vāmana Gosvāmī Mahārāja, Śrīla Bhaktivedānta Trivikrama Gosvāmī Mahārāja e Śrīla Bhaktivedānta Nārāyaṇa Gosvāmī Mahārāja — são as minhas verdadeiras e perfeitas flores. Um dia, elas pregarão por todo o mundo, e muitas abelhas ficarão completamente atraídas por elas.” Dessa maneira, Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja previu que, um dia, a missão do Senhor Caitanya Mahāprabhu seria pregada pelo mundo todo.


A pregação no ocidente


Após a partida de Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja deste mundo, Śrīla Gurudeva Nārāyaṇa Gosvāmī Mahārāja veio para os países ocidentais e pregou de maneira excepcional. Milhares de abelhas se renderam completamente aos seus pés de lótus e, dessa forma, o desejo do Senhor Caitanya Mahāprabhu e dos nossos ācāryas predecessores foi plenamente realizado. Por isso, cantamos: “jadi nārāyaṇa nāhito, tabe ki hoito, kemane dharita de? rādhāra mahimā, prema-rasa-sīmā, jagate jānāta ke — se Nārāyaṇa Gosvāmī Mahārāja não tivesse aparecido nesta Kali-yuga, quem poderia glorificar o limite mais elevado do amor divino de Śrīmatī Rādhikā?” Śrīla Gurudeva veio aos países ocidentais e glorificou tanto o rūpānuga-bhajana-paddhati quanto o rāgānuga-bhajana-paddhati — os caminhos de devoção que seguem os ensinamentos de Rūpa Gosvāmī e dos rāgātmikās (aqueles que possuem amor espontâneo por Deus). Por essa razão, os ocidentais se renderam completamente aos seus pés de lótus. 


Muitos discípulos de Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja tinham dúvidas em relação ao seu guru e, por isso, abandonaram as práticas de bhajana e sādhana. Eu vi muitos deles cortarem seus choṭīs, removerem suas tulasī-mālās e abandonarem o canto dos santos nomes. Isso ocorre porque, às vezes, o discípulo se associa com pessoas inapropriadas — sahajiyās, sakhī-bhekīs ou pessoas estúpidas e sem discernimento —, e essas más companhias contaminam seu coração, gerando dúvidas em relação ao próprio guru. No entanto, Śrīla Gurudeva Nārāyaṇa Gosvāmī Mahārāja veio aos países ocidentais e estabeleceu claramente: “Seu Gurudeva é um uttama-uttama-mahā-bhāgavata e está na linhagem perfeita. Ele lhes concedeu harināma, dīkṣā e sannyāsī; portanto, vocês não devem abandoná-lo, nem abandonar os dīkṣā-mantras e outros mantras que ele lhes deu.” Eu vi Śrīla Gurudeva majoritariamente glorificando Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja, nutrindo seus discípulos e mostrando continuamente como ele é um uttama-mahā-bhāgavata. Muitos devotos se renderam aos pés de lótus Śrīla Gurudeva.


Muitas pessoas anseiam em se tornar mañjarīs em um único dia. Por isso, elas procuram a linhagem dos bābājīs e ficam indo de um lado para o outro. Mas Gurudeva lhes dará tudo! Basta dedicar-se ao bhajana e sādhana. Esta manhã eu falei sobre siddha-praṇālī — o processo perfeito para atingir seu objetivo espiritual. Mas qual é esse processo?


tṛṇād api su-nīcena

taror iva sahiṣṇunā

amāninā māna-dena

kīrtanīyaḥ sadā hariḥ


Śrī Caitanya-caritāmṛta (Ādi-līlā 17.31)


[“É em um estado mental humilde que se deve cantar o santo nome do Senhor, julgando-se inferior à palha na rua; deve-se ser to­lerante como uma árvore, desprovido de todo o senso de falso prestí­gio, e deve-se estar pronto a oferecer todo o respeito aos outros. Nesse estado mental, pode-se cantar o santo nome do Senhor constante­mente.”]


Cantem os santos nomes e abandonem todo tipo de má companhia (asat-saṅga-tyāga). 


ādau śraddhā tataḥ sādhu-

saṅgo ’tha bhajana-kriyā

tato ’nartha-nivṛttiḥ syāt

tato niṣṭhā rucis tataḥ


athāsaktis tato bhāvas

tataḥ premābhyudañcati

sādhakānām ayaṁ premṇaḥ

prādurbhāve bhavet kramaḥ


Śrī Caitanya-caritāmṛta (Madhya-līlā 23.14-15)


[“No começo deve haver fé. Então a pessoa se interessa em se associar com devotos puros. Depois disso, ela é iniciada pelo mestre espiritual e executa os princípios reguladores sob suas ordens. Assim, a pessoa se liberta de todos os hábitos indesejados e se fixa firmemente no serviço devocional. Depois disso, a pessoa desenvolve gosto e apego. Este é o caminho de sādhana-bhakti, a execução do serviço devocional de acordo com os princípios reguladores. Gradualmente, as emoções se intensificam e, finalmente, há um despertar do amor. Este é o desenvolvimento gradual do amor a Deus pelo devoto interessado na consciência de Kṛṣṇa.”]


Não é possível obter śuddha-bhakti se todos os anarthas (impurezas) não forem removidos do coração. Por isso, existe o processo perfeito, o siddha-praṇālī, pelo qual é possível atingir a meta suprema passo a passo: sraddhā, sādhu-saṅga, bhajana-kriyā, anartha-nivṛttiḥ, niṣṭhā, ruci, asakti, bhāva e prema


Hoje é um dia muito auspicioso, pois marca o advento de Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja. De maneira especial, Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja concedeu sannyāsa (a ordem renunciada de vida) a Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja, que posteriormente pregou nos países ocidentais e em todo o mundo. Os devotos ocidentais estão completamente endividados com Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja, Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja e, especialmente, com Śrīla Bhaktivedānta Nārāyaṇa Gosvāmī Mahārāja, pois foi ele quem inspirou Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja a aceitar sannyāsa. Anteriormente, Śrīla Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja havia dito que não iria aceitar esse voto, mas Śrīla Gurudeva Nārāyaṇa Gosvāmī Mahārāja o inspirou firmemente.


Gurudeva é a personificação da munificência e da magnanimidade. Ele derramou sua misericórdia sobre todos. O último Vyāsa-pūjā dele seria na África do Sul, mas eu disse: “Gurudeva, o seu Vyāsa-pūjā deve ser no Brasil”, pois já faziam alguns anos que ele não visitava o país. Misericordiosamente, Gurudeva respondeu: “Você está pedindo, então eu irei.” Assim, no dia 11 de janeiro de 2010, o festival aconteceu aqui, e Gurudeva veio pessoalmente. Até hoje, eu guardo o flyer daquele dia de celebração. Muitos devotos receberam dikṣā e harināma. Foi um festival belíssimo! Quem pode verdadeiramente glorificar a misericórdia de Gurudeva?


Gaura Premānande!

Hari Hari Bol!




Transcrição: Gaurāṅgi-devī dāsī (SP)

Edição: Taruṇī-gopī dāsī (SP)

Revisão: Acyuta-priya devī dāsī (SP)


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