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Akṣaya-tṛtīyā

  • Foto do escritor: Vana Madhuryam Brasil
    Vana Madhuryam Brasil
  • 30 de abr.
  • 12 min de leitura

Śrīla Bhaktivedanta Vana Gosvāmī Mahārāja

29 de abril de 2017, Skype


Hoje é um dia auspicioso, conhecido como Akṣaya-tṛtīyā, além de ser o dia do Candana-yātrā de Śrī Jagannātha-deva. Nesse dia ocorreu a primeira abertura da porta do templo Badarī-nārāyaṇa, e foi o dia em que Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja estabeleceu a nossa Śrī Gauḍīya Vedānta Samiti.

 

Śrīla Gurudeva dizia que essa é uma ocasião muito auspiciosa e excelente, pois, se você iniciar qualquer projeto — material ou espiritual — nesse dia, ele certamente será bem-sucedido. Gurudeva explica que akṣaya significa "imperecível", e tṛtīyā refere-se ao "terceiro dia após a lua nova". Os śāstras estabeleceram essa data como muito favorável. O dia de Akṣaya-tṛtīyā também é conhecido como Vijayā, que significa "vitória". Portanto, qualquer jornada iniciada no dia de Akṣaya-tṛtīyā levará à vitória. 


Os śāstras, os Vaiṣṇavas, e Gurudeva, em especial, explicam que Brahmājī criou este brahmanda (universo) nesse dia (em sânscrito, esse evento chama-se brahmāṇḍa-sṛṣṭi). Brahmā é conhecido como o criador, Viṣṇu como o mantenedor, e Śivajī como o destruidor.


sṛṣṭi-sthiti-pralaya-sādhana-śaktir ekā

chāyeva yasya bhuvanāni bibharti durgā

icchānurūpam api yasya ca ceṣṭate sā

govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi


Śrī Brahma-saṁhitā (5.44)


[A potência externa, Māyā, cuja natureza é a da sombra da potência cit, é adorada por todas as pessoas como Durgā, a agente que cria, preserva e destroi este mundo material. Eu adoro o Senhor primordial, Govinda, segundo cuja vontade, Durgā atua.]


O Senhor Kṛṣṇa é o Supremo e é Ele quem concede a Sua potência a Brahmājī, permitindo-lhe criar o mundo material. Brahmā é conhecido como o criador, mas, na realidade, tudo é criado pelo Senhor Kṛṣṇa.


Sṛṣṭi-sthiti-pralaya-sādhana-śaktiḥ ekā — o conceito de sṛṣṭi-sthiti é explicado na Brahma-saṃhitā. Sṛṣṭi significa criação, sthiti significa preservação, e pralaya significa destruição. Kṛṣṇa é o Supremo, mas Ele concede a Brahmājī a Sua potência de criar o mundo material. Por isso, Brahmājī é referido como o criador do mundo material. Sob a Sua forma de Nārāyaṇa, Kṛṣṇa nutre a todos os seres vivos. Kṛṣṇa também concede a Sua potência ao Senhor Śiva, pois é somente com essa potência que Śiva consegue destruir tudo. Nossos Upaniṣads explicam que tudo é criado, mantido e destruído pelo Senhor.


yato vā imāni bhutāni jāyante

yena jātāni jivanti

yat prayantya-bhisamviśanti

tat vijijnāsasva tat brahmeti


Taittirīya Upaniṣad (3.1.1)


[Ele, de quem esta manifestação cósmica emanou e em quem, após a aniquilação, tudo se fundirá.]


De acordo com as Suas lilās (atividades transcendentais), o Senhor Kṛṣṇa manifesta diferentes formas visando manifestar os Seus passatempos. Brahmājī cria o mundo material com um guṇa (qualidade) de māyā (a potência ilusória de Deus) chamado rajo-guṇa, que é conhecido como a qualidade da paixão. Já Śiva destroi todas as coisas com tamo-guṇa, a qualidade da ignorância. Assim, o próprio Senhor Kṛṣṇa concede o Seu poder a Brahmā e a Śiva. Por isso, alguns pensam que Brahmā é o criador e Śiva é o destruidor, mas isso não é verdade; eles são como marionetes. Às vezes, o falso ego surge até mesmo em Brahmā e Śiva, mas tudo se mantém sob o controle do Senhor Kṛṣṇa, pois Ele é o Controlador Supremo e o Mantenedor Supremo.


Hoje, portanto, é um dia muito auspicioso: o dia de Akṣaya-tritīyā, no qual o Senhor Brahmāji criou este mundo material. Certa vez, Gurudeva explicou de forma muito clara em uma de suas aulas: "Todo ano, há quatro dias extremamente auspiciosos. Nesses dias, você não precisa consultar os astrólogos." Geralmente, se você for realizar alguma atividade, deve fazê-lo de acordo com o mapa astrológico, para verificar quais são os momentos favoráveis, os dias propícios, os nakṣatras (constelações) benéficos, etc. Porém, há quatro dias do ano em que não há a necessidade de se consultar o astrólogo, então feche os olhos e apenas realize as suas atividades sem se preocupar.


Esses quatro dias são muito importantes. O primeiro deles é Vijaya-daśamī, que também marca o advento de Madhvācārya e ocorre antes do início do mês de Kārtika. O segundo é Vasanta-pañcamī, celebrado cinco dias após a lua nova da estação da primavera. O terceiro é Rāma-navamī, o dia do advento do Senhor Rāmacandra. Por fim, o quarto é Akṣaya-tṛtīyā.


Você pode iniciar um esforço material ou espiritual em qualquer um desses quatro dias, pois certamente alcançará o sucesso e a perfeição do seu esforço. Isso é cem por cento garantido. Śrīla Gurudeva dizia: “Hoje é um dia ideal para começar um novo empreendimento, adquirir terras, uma casa, ouro, etc.” No dia de Akṣaya-tṛtīyā, em especial, muitas pessoas compram ouro (em sânscrito, essa prática é chamada de suvarṇa-kraya), pois os nossos śāstras recomendam que se adquira ouro nesse dia. No entanto, a maioria das pessoas não compreende o verdadeiro significado por trás dessa instrução védica. Quando se diz que, no dia de Akṣaya-tṛtīyā, deve-se comprar ouro, o sentido externo refere-se, de fato, ao ouro material (suvarṇa). Mas o verdadeiro e mais profundo significado é que este é um dia propício para receber os dīkṣā-mantras do guru.


Muitos anos atrás, em Mathurā, no dia de Akṣaya-tṛtīyā, Gurudeva explicou por que as pessoas ficam tão entusiasmadas para comprar ouro nessa data. Ele disse: “Elas se entusiasmam com isso porque não conhecem o significado verdadeiro e mais profundo do que o ouro realmente representa. O verdadeiro ouro é receber os dikṣā-mantras do guru. Se você os receber nesse dia, é cem por cento garantido que será bem-sucedido em sua vida espiritual e alcançará a perfeição.”


O significado de akṣara


Há duas categorias explicadas na Śrīmad Bhagavad-gītā: kṣara e akṣara. Kṛṣṇa falou sobre esses dois princípios a Arjuna. Kṣara significa "perecível". Neste mundo material, tudo é perecível e mutável, ou seja, sujeito à destruição (kṣaya). Tudo o que vemos aqui será destruído um dia. Mais cedo ou mais tarde, tudo passará por algum tipo de transformação. Akṣara, por outro lado, refere-se àquilo que é eterno e imutável. Por exemplo, Bhagavān e bhagavata-nāma (o nome do Senhor) são considerados akṣara.


Na Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa diz a Arjuna: “Akṣaram. Eu sou a primeira sílaba do alfabeto (akāra asmi)”. No alfabeto sânscrito, a primeira letra é ‘A’.”


a-kāreṇocyate kṛṣṇaḥ 

sarva-lokaika-nāyakaḥ

u-kāreṇocyate rādhā 

ma-kāro jīva-vācakaḥ


Os Upaniṣads afirmam: “a-kāreṇocyate kṛṣṇaḥ” — "A" é a primeira letra revelada por Kṛṣṇa. Ele mesmo manifestou essa letra, e por isso ela é considerada auto-revelada. Akāra transmite o significado de que Kṛṣṇa é o Controlador Supremo de todos os seres vivos, ao passo que ukāra, de “u-kāreṇocyate rādhā”, se refere à prakṛti, Śrīmatī Rādhika.


O primeiro som manifestado da boca de Brahmā foi “aum”. Essa palavra é conhecida como o akṣaram-brahma, tendo sido também mencionada na Bhagavad-gītā. A expressão aum é composta por três sílabas: A-U-M. “A” representa Kṛṣṇa, “U” representa Śrīmatī Rādhikā, a potência interna de Kṛṣṇa, e “M” representa “ma-kāro jīva-vācakaḥ”, ou seja, se refere a todos os seres vivos. Logo, o significado da palavra é de que todos os seres sencientes servem ao Casal Divino, Rādhā e Kṛṣṇa. Assim, a primeira palavra presente nos Vedas e nos gayatrī-mantras é aum. Aum bhūr bhuvaḥ


Brahmājī foi que manifestou a palavra aum, mas ele compreendeu essa palavra apenas pela misericórdia imotivada do Senhor Nārāyaṇa, após ter realizado muitas austeridades (tapasya). Quando Brahmājī foi manifestado neste mundo material, ele viu que tudo estava completamente inundado pelas águas. Assim, Brahmājī pensou: “Por que o Senhor me manifestou? Quais são os meus deveres? De onde eu vim?” Intrigado, ele segurou o caule do lótus do qual havia surgido e começou a descer, mas não foi capaz de alcançar o final daquele caule, o qual, na verdade, se originou do umbigo do Senhor Viṣṇu.


Enquanto descia pelo caule, Brahmājī começou a se afogar nas águas do oceano. Assim, não conseguindo alcançar o fim do caule, ele retornou ao topo do lótus. Justamente por isso, um dos nomes de Brahmājī é Kamala Jani, que significa “aquele que se manifestou do lótus originado do umbigo do Senhor”.


No topo do lótus, Brahmājī pensou: "E agora? O que farei?" Em resposta, emanou das águas os seguintes sons: “ta” e “pa”, ao que Brahmājī concluiu: “Isso significa que devo praticar austeridades (tapasya).” Assim, após Brahmājī ter realizado austeridades severas, o Senhor Vishnu, ou seja, o Senhor Kṛṣṇa, se manifestou diante dele e disse: "Ó Brahmājī! Você deve criar este mundo material." "Como poderei fazer isso?", perguntou Brahmājī, ao que o Senhor respondeu: "Não se preocupe, pois Eu te darei todos os ingredientes necessários, como inteligência e a Minha própria energia (śakti). Desse modo, você será capaz de manifestar a criação."


Por meio de Sua flauta, o Senhor manifestou o gopāla-mantra e os kāma-gāyatrī-mantras no coração de Brahmājī, conforme é explicado na Brahma-saṁhitā. Diante disso, Brahmājī Lhe disse o seguinte: "Você me concedeu o gopāla-mantra e o kāma-gāyatrī-mantra, portanto, agora devo praticar bhajana e sādhana", ao que o Senhor lhe instruiu: "Ó Brahmājī! Você possui rajo-guṇa (a qualidade da paixão) em seu coração, portanto, com esse guṇa, você deve criar o mundo material."


Sṛṣṭi-tattva – O princípio da criação


A partir da influência de rajo-guṇa, Brahmājī criou o mundo material. No entanto, todos os ingredientes, como o mahat-tattva (toda a existência material) e a prakṛti (natureza), lhe foram fornecidos pelo Senhor Kṛṣṇa, sob a Sua forma de Viṣṇu. Desses elementos, o ahaṅkāra (falso ego) foi manifestado, seguido dos pañca-karmendriya, pañca-jñānendriya, pañca-tanmātra e pañca-mahā-bhūta.


Quantos elementos compõem a criação? Primeiramente, podemos listar vinte ingredientes a partir das seguintes categorias: os cinco karmendriyas, os cinco jñānendriyas, os cinco tanmātras e os cinco mahā-bhūtas.


Pañca-mahā-bhūta, ou os cinco grandes elementos materiais, são: terra, fogo, éter, ar e água. Já o pañca-karmendriya refere-se aos cinco sentidos de ação (mãos, pés, fala, órgãos de excreção e reprodução), enquanto pañca-jñānendriya corresponde aos cinco sentidos usados para a aquisição de conhecimento (audição, tato, visão, paladar e olfato).


Depois desses elementos, manifestaram-se os pañca-tanmātras, os cinco elementos relacionados aos objetos dos sentidos: rūpa (forma), rasa (que significa líquidos, mas refere-se a doçuras ou sabores), śabda (som), gandha (fragrância) e sparśa (toque).


Temos, assim, os pañca-karmendriyas, pañca-jñānendriyas, pañca-tanmātras, e os pañca-mahā-bhūtas — quatro grupos contendo cinco elementos cada, o que totaliza vinte ingredientes. Além disso, Brahmājī manifestou as quatro divisões do sūkṣma-śarīra (corpo sutil): mana (mente), buddhi (intelecto), ahaṅkāra (ego) e citta (consciência). Com isso, ao todo, temos vinte e quatro elementos. No entanto, a criação ainda não estava completa.


O jīvātmā e o Paramātmā — a alma individual e a Superalma – manifestam-se em seguida aos 24 elementos. Mas mesmo com esses 26 elementos, a criação ainda não estava completa, pois ela só se torna plena quando puruṣa (o princípio espiritual) e prakṛti (o princípio material) se manifestam. Assim, com a presença de puruṣa e prakṛti, os ingredientes da criação passaram de 26 para 28, o que concluiu a manifestação do mundo material, pois é apenas quando todos os 28 elementos se combinam que a criação se torna possível.


No texto sagrado Siddhānta-darpaṇa, Śrī Baladeva Vidyābhūṣaṇa Prabhu explica a criação segundo a prakṛti de forma muito clara. Todos os seres — móveis (jaṅgama) e imóveis (sthāvara) — são criados por Brahmā. No entanto, como já mencionado, Brahmā não é o criador supremo; é o Senhor Kṛṣṇa quem manifesta todas essas energias criativas no coração de Brahmā. Isso, por vezes, faz com que surja nele um falso ego, pois as almas condicionadas, sob a influência de diversos tipos de ahaṅkāra (falso ego), pensam: “Eu sou o autor.” Tais concepções ilusórias surgem de rajo-guṇa, como afirma o verso: rajo-guṇa-samudbhavaḥ — “... provenientes da influência da paixão”.


Na Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa também explica que a criação se manifesta a partir do surgimento de rajo-guṇa (a qualidade da paixão). Mas embora o Senhor Viṣṇu tenha concedido todos os elementos da criação a Brahmā, as escrituras revelam que o Criador Supremo é, na verdade, Śrī Kṛṣṇa. Entretanto, dominados pelo falso ego, todos pensam: “Eu é que sou o criador.”


O mundo material, portanto, foi criado no dia de Akṣaya-tṛtīyā. Só que não existe apenas um único universo material — keval ek brahmāṇḍa nahīṁ hai — há incontáveis (ananta) Brahmās e inumeráveis universos (brahmāṇḍas) sendo criados a todo momento. O Senhor manifesta infinitos universos e é Ele quem infunde inspiração nos corações de todos os seres vivos. Já quando não há mais necessidade da existência do mundo material, o Senhor mesmo o destroi. 


Assim como o fazendeiro que cultiva o seu campo, planta sementes de trigo, lhes provê água e nutrientes, e quando o trigo cresce, atingindo sua plenitude, ele o colhe e retorna para a sua casa, da mesma forma, o Senhor atua como o criador, mantenedor e destruidor deste mundo material.


A Brahma-saṁhitā (5.44), por meio do verso “sṛṣṭi-sthiti-pralaya-sādhana-śaktir ekā”, explica esse tattva (conclusão filosófica) de maneira semelhante: o Senhor Kṛṣṇa, por meio de Sua própria potência (śakti), é quem cria, sustenta e destroi. Essa é a filosofia aceita pelos Vaiṣṇavas a respeito do desencadeamento da criação. A prakṛti não possui poder de forma independente; ela não tem autonomia (svatantra) para criar qualquer coisa. No Caitanya-caritāmṛta, Śrīla Kṛṣṇadāsa Kavirāja Gosvāmī também discorre sobre esse tema.


Candana-yātrā - A aplicação de sândalo na deidade


Comentei brevemente sobre como, neste dia de Akṣaya-tṛtīyā, Brahmā deu início à criação do universo. De acordo com nossa cultura védica, hoje também é o dia em que se inicia o festival de Candana-yātrā, durante o qual os devotos do Senhor Jagannātha aplicam pasta de sândalo em Seu corpo.


Na Índia, esta é a estação mais quente do ano, e as temperaturas atingem o seu auge. Por isso, com muito amor e afeto pelo Senhor Jagannātha, os devotos aplicam candana (pasta de sândalo) em todo o Seu corpo. Essa prática não ocorre apenas em Jagannātha Purī, mas também em Vṛndāvana e em muitas partes do mundo, onde os devotos oferecem candana ao Senhor. O próprio Senhor, na forma de Gopāla, deu essa instrução a Mādhavendra Purīpāda.


Em nosso guru-paramparā (sucessão discipular de mestres genuínos), Madhavendra Purīpāda é considerado o broto do prema mais elevado, prema-aṅkura. O próprio Gopāla deu instruções diretamente a Madhavendra Purīpāda: “Você deve trazer candana do sul da Índia e aplicá-lo em todo o Meu corpo, pois estive enterrado por muitos anos.” O Senhor mesmo foi quem revelou a Madhavendra Purīpāda a Sua forma de deidade, Gopāla, a qual antes estava velada.


Seguindo a instrução de Gopāla, Śrī Mādhavendra Purīpāda viajou ao sul da Índia, partindo de Govardhana até Remunā. Lá, ele teve o darśana (visão auspiciosa) da deidade Gopīnātha, a qual realizou a sua līlā (passatempo) de roubar kṣīra (arroz doce). Por causa disso, essa Ṭhākurajī é conhecida como Kṣīra-cora Gopīnātha (Gopīnātha, o ladrão de kṣīra).


Quando Mādhavendra Purīpāda já estava retornando do sul da Índia com a pasta de sândalo, ele sonhou com Kṣīra-cora Gopīnātha, o qual já muito envelhecido, lhe disse: “Aplique esta pasta de sândalo sobre todo o Meu corpo. Assim, a Minha forma de Gopāla Se manifestará.”


O Caitanya-caritāmṛta descreve que Mādhavendra Purīpāda seguiu aquela instrução, aplicando a pasta de sândalo em todo o corpo de Gopīnātha. Desde então, essa tradição continua viva e sendo seguida até hoje em Govardhana. Śrī Jagannātha-deva não é diferente de Gopīnātha nem de Gopāla. O corpo do Senhor é um só — Ele apenas manifesta diferentes formas para realizar diversas līlās.


Hoje, portanto, também é o dia de Candana-yātrā. Na Índia, essa é uma época de calor intenso, especialmente nas regiões de Vṛndāvana e Mathurā, onde esse é o mês mais quente do ano. Por esse motivo, todos os templos que possuem Ṭhākurajī seguem essa tradição de aplicar a pasta de sândalo sobre todo o Seu corpo. Em Vṛndāvana, isso é feito especialmente no templo de Bānke Bihāri, onde hoje eles decoram a Ṭhākurajī de forma belíssima, passando pasta de sândalo em todo o Seu corpo. Até mesmo na nossa Śrī Rūpa Sanātana Gauḍīya Maṭha e na Śrī Mathurā Gauḍīya Maṭha, as vestes e os ornamentos da Ṭhākurajī são retirados para que se possa aplicar a pasta de sândalo e adorná-lA belamente.


A Ṭhākurajī fica irreconhecível nesse dia, tão bela que as pessoas vão até o templo para receber o Seu darśana nessa Sua forma encantadora. Portanto, em todo templo se deve aplicar pasta de sândalo na Ṭhākurajī nesse dia.


De acordo com as tradições de nossa sucessão discipular, hoje também se deve aplicar pasta de sândalo na testa dos Vaiṣṇavas. Essa prática vem do nosso guru-paramparā e é a etiqueta Vaiṣṇava adequada. Eu me lembro de como Gurudeva nos engajava em serviço em Māthura, nos mostrando como devíamos prestar o devido respeito a cada Vaiṣṇava. 


Hoje, essa doce līlā do Candana-yātrā é realizada pelo Senhor Jagannātha. E hoje também é o primeiro dia em que se abrem os portões do templo de Badarī-nārāyaṇa, em Badarī. Por seis ou sete meses, por volta de novembro até agora, neva muito naquela região. Assim, no primeiro dia após o derretimento da neve, abrem-se as portas do templo do Senhor Badarī-nārāyaṇa.


Se não for possível a vocês irem até o templo de Badarī-nārāyaṇa em Badarī, vocês podem vê-lO em Vraja, porque o Badarī-nārāyaṇa original está lá. Nós costumávamos visitar Badarī-nārāyaṇa em Vraja com Śrīla Gurudeva. Badarī e Kedāra, na Índia, podem ser locais muito perigosos, portanto, vocês não devem ir até lá. No entanto, se tiverem tempo, vocês podem receber o darśana de Badarī-nārāyaṇa em Vraja. O Próprio Senhor Kṛṣṇa levou todos os vrajavāsīs (residentes de Vraja) até esse Badarī-nārāyaṇa.


A fundação da Śrī Gauḍīya Vedānta Samiti


Hoje também é um dia muito auspicioso, pois foi neste dia que Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja fundou a nossa Śrī Gauḍīya Vedānta Samiti, juntamente de outros três Vaiṣṇavas proeminentes. O primeiro deles foi Śrīla Nṛsiṁha Mahārāja, o irmão espiritual de Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja e discípulo de Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura. O segundo foi Śrīla Vāmana Gosvāmī Mahārāja. O terceiro foi Abhaya Caraṇa Babu, Śrīla A.C. Bhaktivedānta Svāmī Mahārāja. O quarto foi o próprio Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja. Portanto, é no dia de hoje que se comemora o estabelecimento da nossa Śrī Gauḍīya Vedānta Samiti por quatro grandes personalidades, os nossos pratiṣṭhā-devas


Jaya Śrīla Gurudeva ki jaya!


Hoje, vocês podem passar mais tempo cantando os santos nomes, lendo os śāstras (escrituras sagradas) e ouvindo hari-kathā (narrativas sobre o Senhor) — isso é o melhor a ser feito. Se vocês se lembram, acabei de mencionar o que são akṣara e kṣara. Neste mundo material, tudo é perecível (kṣara). O único elemento akṣara (eterno e transcendental) é bhagavad-nāma. Portanto, hoje, cantem ainda mais os santos nomes.


Hare Kṛṣṇa Hare Kṛṣṇa

Kṛṣṇa Kṛṣṇa Hare Hare

Hare Rāma Hare Rāma 

Rāma Rāma Hare Hare


Gaura-premānande! Hari Hari bolo!

Śrīla Gurudeva kī jaya!




Tradução: Indu Mohinī devī dāsī

Edição: Tāruṇī-gopī dāsī

Revisão: Gaura Hari dāsa



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